Páginas

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

E Kennedy nem falava BRASILEIRO

Lembro-me quando a gente ensaiava e cantava a plenos pulmões o Hino da Independência. Aquele que, baixinho, ríamos escondido da professora, colocando um japonês com quatro filhos no início da letra. Fazíamos fila, por altura e “formação”, na frente da escola. Há, sim! Sabíamos o Hino de Santa Catarina também. 
Depois de um tempo, passei de aluno que desfilava no sistema militar ao ritmo dos tambores, para apresentador no palanque e tantas vezes com transmissão ao vivo pelo rádio. 

Vi meio chocado, que o Verde e Amarelo da minha escola de infância no Mirim Doce, foi trocado pelo Preto de luto em tantas ocasiões de protesto no desfile da Pátria, em Rio do Sul, Lages, Caçador, Taió e outras cidades que andei. Refletiam a independência e os ares de liberdade que estavam chegando. 


No seminário dos padres Alemães de Salete debochava com os colegas, do sotaque e dobrávamos o joelho na igreja, lugar escolhido para as preces. Com eles, aprendi a ser brasileiro.
Vejo hoje, crianças e alunos em geral que estufam o peito para proferir hinos religiosos diversos, no dia da Pátria, que está retirando os crucifixos das paredes governamentais, na crescente discussão da laicidade do estado.


Embora grifadas em verde e Amarelo e escritas em língua portuguesa, às frases sobre a Pátria são citações estrangeiras de quem nunca esteve aqui e nunca falou nosso idioma, enquanto nossos valores intelectuais nacionais são vilipendiados sem pestanejar e bibliotecas são destruídas.


Esses estrangeiros são mesmo interessantes. Ficam zoando da gente, mas desejando morar e viver aqui. Mostram suas bandeiras, suas cores, seus hinos, suas frases, suas coisas.... 

Nesta data, no ano que vem, terei completado meio século de vida. Imagino-me tentando convencer as pessoas a desfilar no dia sete de setembro, por amor à Pátria, que aprendi a gostar ainda mais depois que comecei a estudar fora do País. 


Resta-me imaginar que o Hino da Independência fica esquecido, pelo questionamento da farsa que os professores continuam ensinando na escola, sobre a independência.
Ah, sim, o descobrimento também é uma farsa! Tem ainda a farsa da Proclamação da República e aquela babaquice da inconfidência mineira e do Tiradentes. 


Mas já que tudo é uma farsa, então, vamos combinar e fazer direito! Vamos tocar o hino da independência, oportunidade única para executá-lo. Igualzinho ao desfile e motivo do feriado. 


A farsa está ficando bem melhor. Agora já nem se questiona se o Hino da Independência foi trocado por Hino Religioso, e onde é o lugar de cada um. Afinal, civismo é desfilar e com este gesto, aumentar a nota no boletim dos alunos. 


O japonês já possui muitos filhos. 

God Save the Queen, au revoir und Deutschland über Alles. 
Arrivederci muchachos !

Por: Wanderlei Salavador

Nenhum comentário: