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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Trabalho escravo em Ituporanga



Uma operação da Polícia Civil de Ituporanga desmantelou na manhã de ontem, um esquema de trabalho escravo em uma fazenda de eucalipto, na localidade de Boa Vista.  Dez trabalhadores, entre eles um menor de idade estavam sendo mantidos em condições precárias. Todos foram encaminhados a delegacia regional de Ituporanga, onde prestaram depoimentos. O menor foi encaminhado ao Conselho tutelar.

Na ação, Valdecir Antônio Rodrigues, 45, conhecido como Marronzinho foi preso em flagrante. Ele é acusado de aliciar os trabalhadores e foi autuado por redução à condição análoga à escravidão. Segundo o delegado Nelson Vidal, os trabalhadores eram submetidos a condições deploráveis. “As condições eram degradantes, sem higiene, sem banheiro e alimentação precária, com comidas sem condicionamento e expostas ao tempo. Não havia lugar pra tomar banho, era uma situação subumana, uma situação impactante”, relatou o delegado Vidal.

A polícia chegou ao local depois de uma denuncia anônima, na segunda-feira. A Divisão de Investigação Criminal foi averiguar a procedência no mesmo dia.  Na madrugada de ontem, oito policiais e dois delegados divididos em duas equipes partiram para a operação.  A equipe comandada pelo delegado Nelson Vidal se dirigiu a fazenda onde estava a situação irregular. A outra equipe comanda pelo delegado Gustavo Reis ficou de prontidão para capturar Marronzinho, que arregimenta os trabalhadores.

Na fazenda os policias fizeram filmagens, fotografias e um relatório com depoimentos dos trabalhadores e do menor de idade. Valdecir foi preso quando tentava fugir. A polícia terá 10 dias para concluir o inquérito. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal. Todos os trabalhadores foram recrutados na cidade de Pinhão no Paraná. Na fazenda, o grupo fazia o desbaste e a poda dos eucaliptos. Eles trabalhavam mais de 11 horas por dia e ganhavam R$ 35,00 pelo serviço diário.

Segundo o delegado Vidal, nesse crime não há indícios de ligação com produtores de cebola. Os proprietários da fazenda onde os escravos trabalhavam também serão investigados. A polícia vai averiguar se eles sabiam ou não dessa situação. Eles poderão ser enquadrados no artigo 207, ausência de carteira de trabalho e artigo 287 aliciamento de trabalhadores de um estado para o outro. A prefeitura de Ituporanga providenciou as passagens de ônibus para o grupo retornar ao Paraná. Marronzinho foi encaminhado para a Unidade Prisional da UPA. 

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